Neste domingo, caminhando por meu bairro, notei uma coisa que me comoveu. Tanta gente passeando com seus cães, uns soltos, outros na coleira. Meninas contentes no domingo pela manhã, com o cão a caminhar, a conversar. As pessoas conversam com seus cães e eles conversam com seus donos.
Vi dezenas de moças, mulheres, homens idosos, todos caminhando com seus cães pelas ruas cheia de árvores. De repente, tive a sensação de que todo mundo tem um cão em casa. Mexo em todos eles. Os donos permitem. Pergunto se é “menino” ou “menina”. Pergunto o nome. Mexo neles como se fossem meus.
Não posso mais passear com meu cão, o Guga, porque, infelizmente, ele perdeu a visão. Tentei tudo que me foi possível para evitar. Não consegui. Ele só sabe andar dentro de casa, mas adora sair na rua, sentir que está na rua, embora lá ele não consiga dar um único passo, pois tem medo. Tenho então um carrinho parecido com o dos bebês e levo meu cão às vezes para passear. Ele quer cheirar tudo.
Às vezes ele brinca com meu porquinho da Índia, menina, que pelo tratamento que recebe, é completamente diferente, conforme diz a veterinária amiga que cuida dela e do Guga. Chama-se Belinha. Também vive solta dentro de casa e some de vez em quando. A veterinária diz: “Não é possível o que vejo nesse pequeno bichinho, um bichinho que lambe o rosto do dono. Porquinho da Índia não faz isso!”. Mas o meu faz. A veterinária viu isso quando precisei levar Belinha à clínica, porque se mostrava doente. Ela tremia de medo. Os animais sabem quando vão ao médico. Choram que nem crianças.
Depois do exame, agarrou-se a mim e me lambeu o rosto muitas vezes. A veterinária não acreditou no que estava vendo. Mas voltando ao início: tenho a sensação de que todo mundo tem um cão.
Sinceramente, fiquei feliz em ver tantos cães com seus donos no domingo pela manhã, caminhando pelas ruas. Para mim, o cão é parte da família. E a propósito, para concluir esta pequena crônica, nesta semana o jornalista Ricardo Noblat utilizou um poema meu no seu blog, um dos mais lidos no país, por suas informações exclusivas especialmente na área da política. O “Blog do Noblat”, do jornal O Globo Online, é fonte de informações preciosas, uma referência. Pois o Noblat me honrou ao usar um poema meu em seu blog, motivo de orgulho para mim. O poema chama-se “Noite” e pertence ao meu livro “À noite, os cavalos”. É o seguinte:
“Melhor é ter um cão
com quem se possa conversar,
especialmente à noite.
Melhor é ter um cão
para em silêncio ser ouvido,
como se as palavras não existissem,
nem conversas,
nem dizeres.
Com um cão as palavras
são desnecessárias.
Nesta sala vivemos quietos
diante da janela
e isso nos basta.”
Autor: Poeta Álvaro Alves de Faria
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